[os que seguem]

domingo, 20 de dezembro de 2009

Amor é Castelo

Para um mero transeunte a metáfora “Amor é um Castelo” não faria sentido algum. Os Castelos são construídos empilhando-se blocos de pedra, um a um. Com o Amor acontece a mesma coisa.

Cada peça encaixada corresponde a um sentimento que se faz necessário para se aprender a amar. Temos peças variadas: Paixão, Ódio, Ternura, Tristeza, Alegria, Confusão, Desejo, Medo, Coragem, Dúvida...

A cada peça empilhada, faz-se necessário também o uso de um bom cimento, algo que una todas elas em uma estrutura aparentemente sólida, ouça-me bem, aparentemente sólida, e nada melhor do que atribuir essa função à Confiança.

Haverá momentos em que virão tempestades, pois não é uma tarefa rápida, leva-se muito tempo o construir amor e, por isso, os maus momentos virão e quando acontecer é preciso um adicional ao cimento: a Paciência.

Um castelo tem muitos aposentos. Castelos têm torres e calabouços. Prisões. O Amor possui os seus grilhões. Rompê-los exige muito Desejo e Coragem. É preciso força sempre! Mas existem os cômodos de luxo, aposentos reais. São eles os bons e belos momentos que se tornam únicos e imutáveis.

As construções são suscetíveis à falha. Os blocos erguidos com as peças podem desmoronar. É preciso sempre reforçar os laços. Usar quantidades grandes de cimento. Saber reconstruir é necessário!

Porém, não é sempre que a vontade é de dois e, quando não, a cada peça retirada, uma imensa dor se faz presente no peito. Dia a dia, uma a uma. Todas retiradas com maestria e guardadas numa bela caixa. Prontas para serem usadas novamente na construção que é querer amar.

Desempilhadas e espalhadas pelo chão, todas as peças agora esperam ansiosas pela perícia de dois seres na busca do encaixe perfeito.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. V] - Fragmentos

Capítulo V

Fragmentos

Nunca foi, também, de ter muitos amigos e conhecidos. Tornou-se uma sombra por onde andava. Seu impoluto visual o destacava, é bem verdade, mas logo se perdia na multidão. Era aplicado, mesmo com suas limitação, nas coisas que se propunha a fazer. Os poucos com que falava lhe eram até razoáveis, pois via neles um pouco dos mesmos sentimentos que carregava.

O dia se passa lento. Seu maior desejo é que ele acabe para que se refugie em sua casa. Acaba. Toma o ônibus. Dia chuvoso e frio. Ele gostava desse clima. Mais um dia cinza. No ônibus percebe sua vizinha, amiga no tempo de infância. Ele percebe que ela o percebe. Mas não ensaia qualquer movimento para cumprimentá-la. Senta. Coloca seus fones de ouvido e mergulha em seus devaneios.

Natal de 1980. Quatorze anos de idade. Lembra-se de como foi bom todas as horas desse dia. Tinha para si que realmente aquele foi o melhor dia da sua vida. Todos, absolutamente todos, estavam felizes e era sincero o estar feliz. Acordou cedo para ajudar nos preparativos: conferir a árvore de Natal era das suas tarefas a favorita; ajudar com a preparação da ceia, era muito divertido, sempre sobravam os restinhos para comer e sempre se fazia muita sujeira e, parece que sujeira atrai os com alma de criança; comprar lenha para a lareira com seu pai no velho pick-up; tudo era bom.

As gotas de chuva caem na janela do ônibus e fazem desenhos ininteligíveis, mas que para ele eram rostos, formas geométricas, lugares, paisagens. Aproxima-se do seu ponto de chegada. Desce do ônibus e lança um olhar meio de lado, já saindo, para a garota, sua vizinha. Ela o observa atentamente, como se decorasse seus movimentos. Menina recatada, tímida, era ela.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. IV] - Fragmentos

Capítulo IV

Fragmentos

Sentado à mesa do jantar, tanta coisa que queria ser dita, mas é contida, é adiada e perdida. Seu pai mais uma vez, com olhar impetuoso, olha-o atentamente. É sabido por ele que mais uma vez será ouvido o sermão de como se deve proceder na vida. É fato que para ele era por demais cansativo e exasperante ouvir todas aquelas palavras sempre e sempre. Mas, como também de costume, mostrava-se entretido e interessado no que seu progenitor falava, mesmo, é claro, que nada fosse absorvido.

Nenhuma palavra de sua boca é pronunciada até o fim da refeição. Sobe como um sólido para seu quarto. Antes, passa os olhos nos quadros com sorrisos sinceros a condená-lo. Aquilo o faz desistir de sua idéia original: trancar-se em seu quarto. Lembra-se de seu prazer antigo: tocar seu velho violão.

Ao entrar em seu quarto deparasse com seu velho amigo encostado num canto de parede. O pega e vai para a varanda. Recosta-se numa, também velha, cadeira e põe-se a tocar suas canções preferidas. Já é metade da noite. O céu está limpo e negro. As estrelas, lá de cima, brilham sem motivos. Apenas brilham. Ele percebe que não é mais o garoto tímido e medroso de antes, mas considera muito a idéia de que também não é o que esperava. Percebe seu lugar de descanso favorito, uma rede ao canto da varanda de onde se viam as árvores num balé infinito ao ritmo do vento. Deita-se e põe-se a pensar.

Pensa em toda a sua linda infância. Nos bons momentos com os seus amigos na escola. Lembra-se do dia em que a menina mais bonita o chamou para dançar e, de como se sentiu onipotente, pois todos os outros o olhavam diferente, agora. Era o maioral, nem que fosse por alguns dias. Lembrou-se de como sempre foi querido em qualquer lugar que freqüentava e de como pessoas faziam questão de sua presença e, de como não era preciso fazer força alguma para isso. Um sentimento nostálgico o tomou conta. Era sozinho. Não que o fosse por que queria. Era destino. Lembrou-se das inúmeras vezes em que, sozinho, reproduziu inúmeras e inúmeras estórias e histórias que ouvia seja dos mais velhos, mais novos, TV. Sua imaginação sempre lhe foi fiel e preenchia o espaço que seria das pessoas. Adormece.

Acorda com os primeiros raios de sol. Sente-se leve. Daria até para fugir do habitual. Mas lembra-se de que deve ir para a faculdade. Construir seu futuro. Ser o que se quer. O que o confortava era que, realmente, gostava do que estudava. Nunca foi e nem era sua pretensão ser dos mais brilhantes. Era só a forma encontrada de conseguir algumas coisas que sempre desejou.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. III] - Fragmentos

Capítulo III

Fragmentos

Impregnado por seu desejo, caminha, ele, para um banho de regeneração. A água cai em sua cabeça, fria, tal qual águas que banham os lugares árticos. É desperto. Lucidez. Palidez. Olha-se atentamente no espelho do banheiro, impoluto impecável banheiro, pois o pobre, de transtornos, sofria. “Quem penso que sou?” – a pergunta ecoa por toda a gigante extensão do vazio e cheio que é sua mente. Não há resposta satisfazível.

Mais uma vez veste-se com sua calça jeans e suas camisas brancas de algodão! Quer, agora, desbravar sua vizinhança. “Onde estará?” – lembra-se que não é sabido o lugar de repouso de seu MP4. Não o poderia fazer sem seu aparelho cúmplice da fuga. Ajudava-o a abstrair toda a bizarrice dos humanos donos de si. Sua antipatia e egocentrismo afastavam-o de fato de qualquer evolução de Homo Erectus que se mostrasse prestativa.

Caminha, ele, na rua, por Outono, coberta de folhas de plátanos. Dia, como habitual, frio e molhado, o que, para ele, era, sem dúvida, dos melhores dias do ano. Sua figura vagava lentamente por toda a calçada, com passos tímidos e sem pressa de chegar, indo de encontro ao seu refúgio de todo o erro do planeta: o fim do bairro.

O fim do bairro mais parecia um abismo sem fim. Crianças desvairadas arriscavam-se em brincar por perto de tal precipício. Dia sombrio, aquele, em que o pequeno da casa ao lado caiu, num deslize infame, morro abaixo. Dia dos piores dias da vida do povo da casa ao lado. Mas, o fim do bairro não é de todo mau. Casais teimam em constranger os anciãos com suspiros e gemidos atrevidos. Mas, para ele, nada disso importava. Aquele era o lugar do pôr-do-sol mais belo que olhos terráqueos poderiam um dia deslumbrar. Por minutos, via seu íntimo aquietar-se. Sentia, nem que por instantes, paz.

Paz que, em meio ao caldeirão de perguntas, fazia-se por meros segundos. Mas era liberto naqueles poucos segundos. Daí tal gozo em prostrar-se na árvore mais ao alto do fim do bairro para ouvir suas músicas ou, ouvir seus pensamentos.

Na volta, pela rua, percebia-se os olhares de toda a gente a julgar figura mais intrigante. Não fazia perceber-se. Mas era ineficaz. Era perceptível até para o mais negligente. E era sabido por ele. Mas sua arrogância vencia qualquer crítica que lhe faziam por olhares, afinal, sabia ele, que todos, por mais desinformado que fosse, sabiam o que houvera passado. Não era um segredo e sim, um outdoor.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. II] - Mescalina

Capítulo II

Mescalina

Pequeno buraco imenso e infinito. Acorda. Tudo é bem claro e branco. Mas não se vê nada. Mas tudo muda. Agora tudo lhe parece familiar. Mas muda. Um túnel com cores e muitas formas. Não entende. Acordado? Caminha. Sente uma leve tontura e fraqueza, além de euforia e alegria momentâneas. Sente-se como se não houvesse mais o peso. Tudo é leve. Sente-se em plenitude. Estado de encontro consigo. Agora, parece até fácil entender-se. Ao longe avista seu amigo louva-deus. Ela? Não seria ela. Seria ela! É ela. Em sua cabeça confusa nada mais faz sentido.

Ele corre para junto dela. É de fato ela. Olham-se atentamente, como se mapeando o rosto e corpo de cada um. O abraço mais sincero e justo foi dado. Não é o bastante. Beijam-se como se não houvesse mais um outro dia. As mãos passeiam por entre as curvas. E tudo é desejo. Ela pára. Bate em seu rosto. Por quê? Ele a olha como um cão no cio. Avança num movimento brusco, bruto, animal. Arranca sua blusa e começa a beijá-la com força. Nem mesmo ele sabia que era capaz de tal feito. Ele percebe que ela perde as forças pouco a pouco. Lambe-a por todo colo, indo de encontro à boca. Saliva-a por todo o corpo. Suas línguas entrelaçam-se. Parece que todo o líquido não é o bastante. Em mais um movimento forte a joga no chão. Arranca dela sua calça. Rasga sua camisa. Avança seu corpo ao dela abrindo de súbito suas pernas. Morde seu queixo e a beija com mais força. Olha para seus olhos: ela não esconde mais. Lentamente, não deixando nenhuma parte de seu corpo sem ser molhada por sua língua insaciável, de modo safado, usando os dentes, tira dela a última veste. Toda a sua vergonha agora é visível. Sua incansável língua, suavemente, a faz falar em gemidos sólidos e abafados por seu orgulho. Suas mãos gananciosas confortam-se nos seus seios. O prazer toma-a por completo. Ele despe-se como o soldado mais aplicado de um pelotão. Seus corpos nus enrroscam-se. O que antes era dois, agora é um. Com movimentos suaves começam a dança frenética do sexo. Movimentos, esses, que se intensificam. São rápidos e fortes. Poderia o prazer matar? Morreriam se assim o fosse. Desejo, cheiro, suor, pêlos, pele, língua, saliva. Acorda.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. I] - Afundar-se

Capítulo I

Afundar-se

A casa parecia a imensidão de seu coração. Porém, vazia, tal qual a vida naquele instante. Não sabia ele onde andavam todos os sonhos plantados ao longo de sua existência. Talvez um grande vento levou-os todos embora. Agora resta continuar como se todo dia fosse igual. Almejar um bem maior no futuro próximo. Sobram apenas os seus devaneios que o torturam e ele não sabe o porquê. Ele não quer saber o porquê. É cansativo demais tentar decifrar todos os quês dos poréns.

E mais um dia se passa em sua vida que, agora, resulta-se inútil. É o que o seu coração fatigado sente. Inutilidade. E não há beijo de namorada e afago de amigo que o faça reclinar em sua imersão no mais obscuro lugar de sua mente. Afoga-se em suas dores e mágoas. Em seu medo e solidão. Escolheu ser assim. Não soube dividir cousa alguma, apenas somar para si. Somar o nada, pois só a divisão forma o tudo. E nada que eles digam, absolutamente nada, o fará desistir de sua luta contra si mesmo.

No terceiro dia ele repara que há mais do que um quarto escuro e suas músicas. Here comes the sun! Passa agora a tentar iluminar sua mente e seus sentidos. Usa-os. Porém a inebriante vontade de se ser estático é mais e mais forte e forte. Ele não resiste. É mais uma vez vencido. E tudo a sua volta, volta a ser como era antes: negro.

Mas há uma esperança em seu peito. Ainda espera ele um dia que ela volte. Sim, que ela volte! Inútil espera, bem sabe ele. É o que resta de luz dentro de si. Deve ele, multiplicar seus espelhos, afim de que a luz, também, seja multiplicada e propagada e tudo volte a ser como outrora. Sim, os dias eram bons em sua vida. Eram até doces. Não havia ânsias. Não havia tanto medo de ser o que se é. Não havia medo da vida. Nem ao menos havia tanta preocupação em ter o que não se tem ou planejar o que se quer ser. Apenas se era como se é.

Logo toda esperança é perdida. A luta se intensifica. Tudo agora é mais negro do que era. Tudo faz menos sentido e menos tudo. Tudo é menos. Menos vontade, menos desejo, menos alegria, oh, pobre alegria, há tempos não o fazia sequer uma visita de enfermo. Mergulhado, afundado. Espantou os poucos amigos que restavam em um gesto dos mais fortes e estúpidos de puro egoísmo. “Qual será minha saída?” – pensa ele. Mas, até a mais óbvia lhe parece assustadora. Não concebe a idéia de ser apagado. De se apagar. Entra em conflito. Empurra mais e mais o seu eu no que ele chama de lugar onde não estou.

E as horas passam e nada acontece. Nem mesmo o louva-deus que o fazia companhia aparece mais. "Hey, louva-deus, onde estás que não mais me ouve? Foste para um lugar melhor, creio eu." Agora, mais que nunca, ele percebe que está íntimo da solidão. A dor vigente e pungente em sua mente o faz furioso. Todo o quarto está em ruínas. As fotos pelo chão. Pedaços de sonhos destruídos. Sorrisos falsos dilacerados. Adormece.

O eu cansado


Estou cansado das gentes perdidas
Dos seres mal amados
Cansado das dores que insisto dizer que tenho
Cansado de ser e apenas ser
Cansado de estar cansado

Estou cansado de sorrir amarelo
Quando na verdade o amarelo já é negro
Cansado de não ser eu e sim um ontem que não existe mais
Cansado de me importar com quem nem se quer me vê
Cansado de insistir no erro que é amar

Estou cansado de te ver lamentar
Por todos que já foram seus,
E você não soube dar o devido valor,
Por medo, insegurança, seja lá o que for.
Cansado de pensar
em você.

Estou
cansado dos mesmos rostos
De vê-los donos da verdade
Quando apenas cogitam saber o que não sabem
Impolutos, indefectíveis, andam e esperam
Na sua sabedoria burra

Estou cansado das mesmas piadas
As mesmas conversas tortas e sem fundamento
As mesmas dores queixadas num murmúrio exasperante
Cansado de, também, me lamentar
Cansado de cansar e sentar
em espera.

Estou
cansado de aprender a amar
Amor vende bem, e apenas isso
Cansado de mim, cansado de você e de nós
Cansado de ser um completo
Cansado

Estou cansado de máscaras
As velhas fantasias que protegem o ser
Cansado das pessoas escondidas atrás delas
Cansado de vê-las não mais esconder seu rosto e, sim, desfigurá-lo
Cansado do frio

A única coisa de que não me canso
É de poucos e poucas, pouquíssimos
Não me canso do meu futuro e de saboreá-lo
De sonhar com o que ainda não tenho e não sou
Mas que terei e serei

E comecei a escrever sem saber onde ia parar

E comecei a escrever sem saber onde ia parar. Era uma tentativa de externar o interno. Falar que as gentes confundem tudo e qualquer coisa e que ser alguém que preza os valores que adquiriu com o tempo e anos e experiências é, por demais, exaustivo e, é muito fácil perder-se. Porém redimo-me da tentativa de mudar quem sou. Peço desculpas aos que queriam que acontecesse e peço desculpas aos que não queriam que acontecesse. E não faço do pedir desculpas uma coisa banal. Apenas peço. E tenho vergonha dos que me são diferentes.

Chama-me de arrogante? Não. Não se trata de arrogância. É a vontade de que enxerguem com clareza os erros cometidos com insistência. A dor de outrora não justifica a seqüência errônea de hoje. A carência e solidão apenas se tornam maiores e o ser mais vazio quando nas relações não se há verdade. Também, não sou ingênuo ao ponto de não perceber que o que se é falado pode se mudar. É fato que a inconstância é uma máxima na vida de qualquer um, mas, não, não quero compactuar.

Recolho-me à condição de Rei da ingenuidade, Rei do romantismo e das situações que por ele me são dadas, à condição de bobo da corte, de “aquele pessoal ali”, um cara com potencial. Porém, sou um rei mais estruturado, já forjei escudo e espada: indiferença e silêncio. Prefiro saber quem sou a me perder em vão. Prefiro sua amizade sincera a sucumbir diante de fugacidades. Prefiro insistir no meu jeito torto de lhe dar com as situações a ser mais um para você.

Vou caminhando em busca de onde quero estar mais a frente, sem perder o que vejo no hoje e, levando sempre à frente, a verdade e sinceridade do meu sorriso, embebidas no meu mistério. Perpassarei meus valores às minhas filhas quando as tiver e me manterei íntegro, pois na integridade é onde podemos ser livres.

About two little girls


Ao futuro:

About two little girls

Nem se quer as conheço,
mas já faço de suas vidas:
o meu futuro;
já faço de seus dias:
os meus dias.

Nem se quer as vi,
mas já decorei os detalhes
de cada traço;
já sei de cor os gestos
de cada expressão.

Nem se quer as ouvi,
mas já sinto imensa falta
de cada gargalhada;
já sei de todos os momentos:
de cada sorriso.

Nem se quer as senti,
mas já sei de seus abraços,
de cada coração,
já sei os intervalos
de cada batida.

Nem se quer é tempo,
mas já sinto bem próximo,
de cada inverno,
já sei que é logo,
de cada desejo.