[os que seguem]

sexta-feira, 4 de março de 2011

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. XI] - Busca

Em pouco tempo chegam à outra margem. Coloca o caiaque num lugar escondido. Fita Mahina. Percebe que ela também o faz, e com o mapa na mão põe-se a procurar a tal entrada. Que não demora muito a ser encontrada.

Próximo a uma árvore, um pinheiro com um cheiro muito bom e fresco, está uma pequena entrada de mais ou menos um metro de altura por cinquenta centímetros de largura – dados não confiáveis, é o que se ouve – imaginando o que encontraria, ele prepara um pequeno kit com lanternas, pilhas, fósforos e um pequeno canivete.

O medo do desconhecido, somado à excitação dos contatos de outrora e a agonia em cumprir os horários para que seus pais não se preocupem os deixam em euforia. Normal, dado toda a aventura.

E sem mais demora, eles passam pelo pequeno portal. O desconhecido os toma. Agora tudo é dúvida. Tudo é medo. Mahina apoia-se no ombro dele como se ali fosse o lugar mais seguro do mundo. Ele se sente forte como nunca se sentiu antes, mesmo tendo só o medo em seu peito.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. X] - Encontro

No dia seguinte, na hora marcada, encontram-se. Ele com suas típicas camisas de algodão e ela de vestido florido. Então, certo como esperado, ambos em suas defesas conversam com palavras tímidas. Ele: “Como vai?” - um “como vai” que queria dizer que ele estava sentindo a falta dela e que queria que aquele dia fosse o melhor dia que jamais se viveria. Ela: “Estou bem sim. Mas acho que esse vestido não está legal para a ocasião!” - uma resposta que no fundo queria dizer que ela estava aflita para vê-lo e nervosíssima por vê-lo, e que queria que ele reparasse em seu vestido e a dissesse que estava linda.

Mahina sempre ansiosa por encontrá-lo acaba por revelar sua paixão, até em tão secreta, por gestos e palavras dela. Ele aceita como haveria de ser, mas discreto que é não deixa transparecer! Por que ele também sente e vê o que ela vê. Mas por hora era hora de aventura. O que há no tal lugar indicado pelo mapa? Um tesouro? O quê?

Partindo da choupana os dois se colocam a caminho das indicações mostradas no mapa. Não era nada complicado, porém era necessário atravessar o lago e subir nos rochedos até uma pequena entrada que eles não sabiam da existência, mas que no mapa estava bem claro.

Ele pega o maior caiaque, pois tinha que levar Mahina. A sensação de ter Mahina como carona em seu caiaque torna-se indescritível. Levemente os seios dela encostam-se a suas costas e isso o excita. Muito! E o faz corar. Ela percebe. E não recua. E nos movimentos fortes do seu braço, ele põe o caiaque em movimento, enquanto desfruta da sensação indescritível.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. IX] - Entreato

Agora em casa, ele pensa no que se passou em seu sábado. Pensa em como é reconfortante deitar-se em sua varanda depois de um dia de exercícios com seu caiaque. Pensa no estranho mapa encontrado, porém, isso tudo é pouco. O que mais o excita é o fato de que agora tem uma espécie de encontro com uma menina que o atrai. Pensa no tempo perdido lamentando-se pelo que não tinha volta ou não tinha que ser. Lamentando-se por tudo o que era passado. Agora é diferente: há um futuro, ou pelo menos a ideia de um.

Ela, em casa, pensa apreensiva sobre seu pseudo encontro do dia seguinte. Como sempre, muito tímida, os questionamentos que vêm a sua mente são os mais tolos e simples, porém, os mais importantes. Como me vestirei? E se ele tentar me beijar? Maquiagem? Camiseta? E meus pais? Perguntas contrastadas com afirmações. Como ele é bonito! Talvez se usasse essa roupa ou aquela! Quanto mistério em seus olhos! Mas logo o sono chega e ela põe-se a dormir.

A casa parecia a imensidão de seu coração [Cap. VIII] - Delicadezas

“Sim, bem!”. Depois de um pequena pausa, ele a convida para sentar um pouco embaixo de uma árvore, ali, próxima. Caminham em direção à árvore como se ambos soubessem o que queriam, mas nada foi falado nos poucos passos.

Ela começa a conversa, de uma forma um tanto descuidada: “Você não teve culpa alguma do que ocorreu!” - silêncio - “Perdão!” - ela diz. Ele vê um certo começo de confusão em sua mente, mas o rosto dela quando confronta-se com a luz do sol se pondo o faz esquecer o que foi falado - “Sim, ela é muito linda!” - pensa ele. Agora, é tomado por um sentimento fraternal, pois lembrara-se que não mais havia afago em seus dias. Seria ela a resposta a tantos questionamentos?

“Você não fez nada!” - responde e prossegue: “Não há por quê pedir perdão!” - e com um sorriso sincero consegue acalmar Mahina que agora já consegue o fitar novamente. Começam, agora, a conversar sobre coisas corriqueiras, como faculdade, música, cinema e, sobre o que ele encontrara na choupana de seu avô.

“Nossa, um mapa?!” - espanta-se ela - “Mas, ele se refere a esse lago. Estranho, não?” - ele: “Sim, é! Muito estranho. E, é fácil de se guiar por ele. É como se não quisessem esquecer o que está indicado no mapa, pois se não, teriam feito enigmas ou coisas assim.” - retruca ele. “Vamos tentar?” - pergunta ela - “Claro que sim! Seria legal fazer isso com você. Porém, está um tanto tarde. Faremos isso amanhã, ok?”. Com a cabeça ela responde que sim e, é quando ouve a voz de seu pai a chamando para ir embora. Despedem-se com todo o cuidado, para que nada além do que era visto transparecesse.