[os que seguem]

sábado, 16 de abril de 2011

O Som e a Fúria

(...)
Eu dou a você o mausoléu de toda espera e desejo que irá caber suas próprias necessidades. Não melhor do que couberam nas minhas, ou nas do meu pai. Eu não dou a você algo que você pode lembrar do tempo, mas que você pode esquecê-lo por um momento, agora e depois, e não gastar todo o seu fôlego tentando conquistá-lo.
(...)

William Faulkner

Um texto

Filho: Mamãe, meu coração tá doendo, passa pomada?

- com uma certa preocupação, a mãe pergunta -

Mãe: Seu coração filho? como assim ? o que aconteceu?

Filho: Não aconteceu nada mamãe, começou a doer do nada, mas tá doendo muito, passa a pomadinha!

Mãe: Não tem como passar pomada no coração filho, o que você tava fazendo quando começou a doer?

Filho: Eu tava conversando com a laura, lá no balanço da escolinha, aí ela me contou que gostava do Hugo, aquele meu amigo que vem sempre aqui em casa. Aí quando ele passou perto dela, ela levantou do balanço e foi atrás dele e me deixou sozinho, aí o meu coração começou a doer, e ta doendo até agora.

- A mãe assustada, não sabia o que dizer ao filho e então simplismente o abraçou e sussurou no ouvido dele -

Mãe: Filho, você conheceu o amor.

- O filho meio sem entender, perguntou -

Filho: O amor? mais você sempre disse que o amor era uma coisa boa, e então porque ele está machucando meu coração?

Mãe: Não são todos aqueles que sabem valorizar o amor, e quando esse amor se oferece para alguém, e esse alguém não dá valor, o amor fica triste e volta pra sua casinha, que é o coração, e pra o amor entrar de novo no coração, deixa um machucado bem grande nele. E esse machucado que fica no coração, se chama decepção.

(De alguém)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Menino x Tempo - Parte V

Um sábado qualquer? Não! O meu sábado! E o tempo zombeteiro, brinca. Mas agora o menino ganha mais tempo. O que ele vai fazer com esse tempo que ganhou? Bom, depois de contemplar o ganho ele pensa que o tempo que ele ganhou era o tempo que faltava para ele ser mais em paz. Ele pensa que com o tempo novo pode fazer coisas velhas que com a falta de tempo dele não podiam ser feitas. E agora é mais tranqüilo. É menos ansiedade. E, ah, isso é a vida, ê camarada! E é complicada, ê camarada. Mas é uma delícia, camarada!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Amor

Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

(Paulinho Moska)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Menino x Tempo – Parte IV

Menino sente falta da menina todo dia quando acorda e menina não está do lado. Menino sabe que menina tem as coisas do tempo deles para fazer também. É como é. Menino se acostuma com isso. Mas menino é dengoso demais. Menino é filho único. E filho e amigo amado por tantos. Mas menina ta lá. Se alguém ama uma flor da qual só exista um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando as contempla. Ele pensa "Minha flor está lá, em algum lugar...

Menino x Tempo – Parte III

Menino pensa: “meu tempo, oh, meu tempo!”. Pensa que é perder tempo as 3 horas e 30 minutos de espera por ordens. Pensa que poderia estar dormindo. Poderia estar com a menina. Poderia estar com seus filmes e travesseiros. Mas é frio e o menino está no frio e continua. Porque é o tempo deles agora e, no tempo deles o menino tem que ser pessoa grande. E suas costas doem e seus músculos se contraem.

Menino x Tempo – Parte II

Menino agora se põe a esperar o auto. Não agüenta mais um minuto sequer de espera de nada. Quer que seja imediato. Mas menino sabe que não é assim. Que as coisas têm o tempo delas e que é preciso respeitar. Mas menino está cansado. Menino quer colo e sua cabana. E o auto, chega.

Menino x Tempo – Parte I

Menino todos os dias acorda bem cedo. Aquela vontade que a noite seja mais longa, mas a noite num é. A noite acaba e o dia nasce. Menino pensa: “mais 30 minutos, por favor!”. Mas menino sabe que o tempo deles é o tempo deles e se menino quer ter o tempo dele tem que ser grande no tempo deles. Menino sabe e dói. Mas menino vai.

sábado, 9 de abril de 2011

Fluir

...e um dia me disseram que amar é fluir.
Que o amor flui e cresce.
E nesse dia aprendi mais uma coisa.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Devaneio celeste

E sobre nós o céu, que tudo, tudo, tudo, já testemunhou. Quantos risos já ouviu? Quantos pensamentos soltos? Quantas formas de amar ele já testemunhou? Tudo. É testemunha de tudo. É cúmplice de todos. A tudo julga. Nunca é julgado. Inspira. Suspira. Olhar para o céu. Azul. Cinza. Qual cor? Mas olha e nos vê. Pequenas coisinhas que se movem. Muitos não sabem para onde. Poucos, sim. E o céu a testemunhar. Qual a idade do céu?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Contradição temporal

Maldito seja o tempo e sua lentidão.
Bendito seja o tempo e sua exatidão.