[os que seguem]

domingo, 20 de dezembro de 2009

O eu cansado


Estou cansado das gentes perdidas
Dos seres mal amados
Cansado das dores que insisto dizer que tenho
Cansado de ser e apenas ser
Cansado de estar cansado

Estou cansado de sorrir amarelo
Quando na verdade o amarelo já é negro
Cansado de não ser eu e sim um ontem que não existe mais
Cansado de me importar com quem nem se quer me vê
Cansado de insistir no erro que é amar

Estou cansado de te ver lamentar
Por todos que já foram seus,
E você não soube dar o devido valor,
Por medo, insegurança, seja lá o que for.
Cansado de pensar
em você.

Estou
cansado dos mesmos rostos
De vê-los donos da verdade
Quando apenas cogitam saber o que não sabem
Impolutos, indefectíveis, andam e esperam
Na sua sabedoria burra

Estou cansado das mesmas piadas
As mesmas conversas tortas e sem fundamento
As mesmas dores queixadas num murmúrio exasperante
Cansado de, também, me lamentar
Cansado de cansar e sentar
em espera.

Estou
cansado de aprender a amar
Amor vende bem, e apenas isso
Cansado de mim, cansado de você e de nós
Cansado de ser um completo
Cansado

Estou cansado de máscaras
As velhas fantasias que protegem o ser
Cansado das pessoas escondidas atrás delas
Cansado de vê-las não mais esconder seu rosto e, sim, desfigurá-lo
Cansado do frio

A única coisa de que não me canso
É de poucos e poucas, pouquíssimos
Não me canso do meu futuro e de saboreá-lo
De sonhar com o que ainda não tenho e não sou
Mas que terei e serei

Nenhum comentário:

Postar um comentário